Num encontro de balanço das actividades da área de género, da Direcção de Assuntos Transversais (DAT) do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), que decorreu de 25 a 27 de Janeiro, na província da Zambézia, distrito de Mocuba, onde participou igualmente o Secretariado Executivo do Movimento de Educação Para Todos, foram partilhadas pelos Chefes e Coordenadoras de Departamento de Género de todas as províncias, dados sobre a situação da educação da rapariga em Moçambique.
Dos dados apresentados referentes ao ano de 2022, foi possível verificar que em quase todas as províncias houve um aumento de casos de gravidezes comparados com o ano de 2021. Por exemplo, ao nível da província de Cabo Delgado, em 2022 foram identificados 395 casos de gravidezes comparados a 256 casos registados em 2021.
Na província de Gaza, em 2022 foram identificados 178 casos de gravidezes contra 133 de 2021, o que significa que houve um aumento de 34%. O cenário crescente verifica-se em todas as províncias do país, com excepção da província da Zambézia que em 2022 registou 214 casos, contra 432 de 2021.
Estes dados preocupam a DAT e o MEPT, uma vez que tanto a Sociedade Civil, assim como o Sector da Educação, em particular o Departamento de género, que têm envidado esforços para reduzir casos de gravidezes precoces nas escolas. Para a Chefe de Departamento de Género, no (MINEDH), Judite Sambo, não se justifica que, num período como este, em que há muita informação sobre os métodos contraceptivos, difundida através da realização de palestras nas escolas, ainda prevaleça um número elevado de casos de gravidezes precoces. ‘’Temos realizado palestras, assim como capacitações envolvendo os pontos focais de género em diferentes temas transversais, com destaque para a área de saúde sexual e reprodutiva. É verdade que as escolas não disponibilizam os métodos contraceptivos, mas trabalhamos em coordenação com o Ministério da Saúde que tem encaminhado esses adolescentes para o SAAJ’’. Concluiu Sambo.
Em reacção a preocupação, a Coordenadora de Género na provincia de Cabo Delgado, Renata Xavier, disse que, ‘’ao nível da província, os dados se deterioraram porque há vários factores que contribuíram para o efeito, por exemplo a COVID-19, que levou muitas crianças a ficarem em casa, os conflitos armados, que tem colocado a rapariga numa situação desfavorável, levando as raparigas, não só a contrair o matrimónio, mas também a priorizar o trabalho em detrimento da escola.
Além do elevado número de gravidezes, os relatórios de actividades trouxeram também dados sobre desistência escolar, número de professoras nas escolas e número de mulheres que ocupam cargos de chefia no sector.